segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lá se fazem e cá se pagam
Ilda Figueiredo, cabeça de lista da CDU ao Parlamento Europeu, em entrevista ao Público.














As questões nacionais podem desligar-se das questões europeias? E quais devem ser tratadas na campanha?

Não faz sentido. Hoje serão poucas as questões que se passam em Portugal que não são influenciadas por decisões europeias. Lá tomam--se as decisões e cá aplicam-se. Lá se faz e cá se paga. Mas o que aqui se faz pode ter lá voz. Porque também serão poucas as questões que se vivem em Portugal que não poderão ter reflexo nas políticas e nos debates da União Europeia. Nalguns casos até conseguimos resposta positiva, que nem sempre o Governo português aproveitou. Na maior parte dos casos até desprezou.

Há um bloco central a funcionar na Europa?

Completamente, totalmente. O PS quer agora aparecer com uma capa de esquerda, quando todas as políticas essenciais da UE com influência desastrosa no país foram votadas em conjunto por deputados de PS, PSD e CDS. Mas não só no Parlamento Europeu, também no próprio Conselho. Não é por acaso que José Sócrates apoia Durão Barroso. É a marca simbólica dessa convergência de posições.

Está há dez anos no PE. O que gostava de ter visto acontecer durante esse período que não aconteceu?

Era fundamental que em Portugal se tivesse realizado um referendo sobre o projecto de Tratado de Lisboa, que PS e PSD tinham prometido.

Por que estão contra o Tratado de Lisboa?

Pelo domínio das grandes potências, pelo federalismo, pelos ataques à soberania nacional. O tratado aprofunda também a militarização da UE, sozinha ou em conjunto com a NATO e os EUA.

Caso o Tratado de Lisboa, ao qual se opõe, seja aprovado, como pretende actuar?

Estamos contra este projecto de tratado. Consideramos que é uma autêntica fraude política, porque retomou praticamente tudo o que estava no tratado constitucional, rejeitado pelos povos da França e da Holanda. Fez-se uma operação de maquilhagem.

Qual é a proposta alternativa?

Uma Europa que assente na cooperação entre estados soberanos iguais em direitos, que na base de vantagens mútuas consiga avançar nas respostas aos problemas comuns com soluções comuns. E não me venham dizer que não é possível, porque isso é insistir no pensamento único. Há outras experiências que precisam de ser tentadas. Por exemplo, na América Latina estão a ser ensaiadas propostas alternativas de integração.

Ver entrevista completa no jornal Público de hoje, 18/5.

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